sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A voz do silêncio



O atendimento da noite agora encerrava naquela terreiro de Umbanda.

Alguns dos pretos velhos que haviam trabalhado, desligavam-se de seus aparelhos, não sem antes equilibrá-los com energias edificantes e benfazejas.

Um dos médiuns, após, praticamente “despachar” seu protetor, apressou-se em ajoelhar-se aos pés da preta velha que ainda permanecia incorporada, para solicitar aconselhamento.
O bondoso espírito acolheu amorosamente suas lamentações como o fez com todos os outros que haviam passado por ela naquela noite.

Ouviu a tudo fumegando seu cachimbo, porém nada falou. Saravou aquele filho, agradecendo- o pela caridade que havia prestado e assim se despediu, largando seu aparelho.

O médium por sua vez, desajeitadamente se retirou sem conseguir entender o silêncio da Preta Velha. Um misto de rejeição e indignação passou a povoar seus sentimentos.

- “Então é assim! Eu fico fazendo caridade por horas a fio e quando solicito ajuda o que recebo?”
Enquanto a corrente mediúnica realizava as preces de encerramento da sessão, ele sentiu uma inexplicável sonolência que o obrigou a dirigir-se diretamente para casa, ignorando o programa prévio de sair com os amigos para mais uma noitada de lazer em bares da cidade.

Mal adormeceu, em corpo astral, através do desdobramento, percebeu estar ajoelhado sobre folhas verdes e cheirosas num ambiente simples, cujas paredes eram feitas de bambu, o teto de folhas de coqueiro e o chão de terra batida.

Algumas tochas iluminavam o local e havia uma cantiga no ar que ele bem conhecia. Sentindo a presença de alguém, virou-se e o viu sentado em seu tosco banco com aquele sorriso matreiro e cachimbo no canto da boca. Sua roupa, bem como seus cabelos brancos contrastavam com a pele negra. Os pés descalços e calejados. No pescoço um rosário cujas contas eram pura luz. Sim, era ele, Pai Benedito, seu protetor.
- Saravá zin fio!
- Saravá meu Pai!
- Pai Benedito chamou o filho até sua tenda para poder explicar tudo aquilo que você não conseguiu entender com a orientação da mana lá no terreiro da terra.
- Meu Pai, ela nada falou…
- E suncê se magoou, não foi?
- -É… não compreendi.. .
- Por isso Pai Benedito o trouxe até aqui e vai explicar. Os filhos da terra ainda não conseguem compreender a mensagem do silêncio devido as suas mentes aceleradas pelo imediatismo, pela
falta de concentração e pelo vício de “receitas prontas”. A mana que nada disse ao filho, agiu assim justamente para incentivar a sua busca das respostas. Queria que o filho, instigado pela falta do
aconselhamento a que vinha se acostumando, pudesse parar e pensar. Pensar em todos os conselhos que seu protetor, através de seu aparelho, havia passado para as pessoas que atendera lá no terreiro há momentos atrás.

O silêncio da preta velha, quis dizer ao filho que o primeiro e maior beneficiado da abençoada tarefa mediúnica é o próprio mediador. A sua característica de médium consciente permite que receba e transmita os nossos pensamentos e os bons fluídos dos quais se torna canal. Para que o intercâmbio “médium-espírito” aconteça, pela bondade divina , o corpo astral do mediador é previamente preparado antes de reencarnar através da “sensibilização fluido- mediúnico” de seus centros de forças para que assim se dê a afinização com seus protetores.

Durante toda a vida encarnada, é ainda alertado e amparado para que possa exercer o mandato dentro do programado. No entanto, existe um carma envolvendo tudo isso e o fato dos filhos prestarem a caridade não os isenta dos entrechoques a que estão sujeitos na matéria, que nada mais são do que ensinamentos necessários do certo e do errado.

Respeitando as escolhas feitas, esses protetores tantas vezes, mesmo e apesar de todo esforço, perdem seus pupilos para os descaminhos da vida, e então resta-lhes aguardar que o relógio do tempo os traga de volta pela mão da dor.

Pai Benedito não se entristece se o filho por vezes o dispensa ou não entende suas mensagens. Nem mesmo quando o filho desfaz as energias recebidas após o trabalho de caridade através da busca de prazeres ilusórios e momentâneos. Apenas ajoelha diante do congá, que no plano astral fica sempre iluminado pelas velas da caridade prestada nas poucas horas em que a corrente de médiuns se reúne na terra, e implora ao Pai Oxalá a sua compreensão para todos os espíritos que ainda teimam em permanecer colados às suas mazelas no plano terreno.

Por isso filho, estando aqui em frente a este espírito que tanto o ama e cuja ligação perde-se no tempo, peço que desabafe suas dores, que tire as dúvidas que angustiam seu coração.

Agora o silêncio era todo seu.
Apenas as grossas lágrimas que desciam de sua face falavam de sua pouca fé, de seu descrédito até então, pela própria mediunidade. De seus momentos de incertezas quanto a estar servindo realmente de canal para Pai Benedito, de seus medos em relação ao animismo e da confusão que fazia dele com a mistificação. Mas principalmente de sua vontade de largar tudo pelos prazeres do mundo, afinal era muito jovem ainda para levar uma vida regrada em função da mediunidade.

- Pai Benedito compreende a angústia do filho, mas pede que revise os tantos avisos que recebeu em seus sonhos, nas palestras instrutivas que ouviu lá no terreiro, nos livros que chegaram até suas mãos e nas tantas vezes que a Preta Velha o instruiu, o aconselhou. Onde estão estas informações? Para quem eram dirigidas nossas palavras nos atendimentos, senão para você que as ouvia antes de repassá-las?

Nada é proibido aos filhos no estágio da matéria, mas em tudo deverá existir o equilíbrio.
O silêncio da Preta Velha havia sido traduzido e agora ele conseguia compreender que fora o melhor, dos tantos conselhos que ouvira dela. Fechando seus olhos, a ela agradeceu mentalmente e quando os abriu, além do cheiro de incenso e da claridade que se instalara naquele ambiente, percebeu que tudo modificara.

A humilde tenda agora era um templo iluminado por vitrais coloridos que formavam filetes de luz que se entrecruzavam num quadro de beleza estonteante. No chão, ao centro, em esplendoroso piso vitrificado havia o desenho de uma mandala, que de seu centro irradiava luz dourada.

Já não estava mais diante daquele Pai Velho em humildes trajes, pois ele havia se transfigurado num ser de características orientais, de olhar penetrante.

Nada pode pronunciar, sua voz embargou. Havia que se fazer o silêncio para que só ele traduzisse a mensagem agora recebida. Naquela manhã acordou muito cedo, tendo plena lembrança de seu “sonho”. No ar, ainda o cheiro do incenso. Não fosse a exigência da vida física, ficaria o dia todo calado, saudando o silêncio da Preta Velha.

“Que nos ouça, quem tem ouvidos de ouvir”.
Saravá aos filhos da Terra!
Vovó Benta

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Quatro Aspectos da Mediunidade Sem Instrução



O estudo contínuo dos assuntos relacionados à mediunidade na Umbanda remove dentre seus seguidores dezenas, quiçá centenas, de crendices, costumes e hábitos que têm se mostrado nocivos à própria Religião. Muitos umbandistas têm uma visão deturpada do que significa o dom mediúnico em suas vidas e dentro dos terreiros. Centenas de adeptos desenvolvem uma mediunidade repleta de entendimento errôneo, suposições equivocadas e vícios comuns a pessoas que pouco, ou quase nenhum, acesso têm à informação. Muitos desses equívocos são provocados justamente pelo desconhecimento. Os maus hábitos acumulam-se ao longo do tempo e transformam-se em vícios que necessitam de tratamento imediato. Os erros acontecem aos montes causando muito desconforto aos Caboclos de Aruanda, que vez por outra precisam intervir para remediar a situação. A culpa de tais problemas poderia ser atribuída a muita gente: Chefes de Terreiro despreparados, médiuns afoitos ou de pouca instrução, seguidores pouco compromissados com a religião, dirigentes desinteressados e até mesmo Espíritos desencarnados causadores de demandas. A realidade mostra, porém, que a maior causa de todos os problemas que afetam a missão do umbandista é unicamente a falta de estudo. Sem o mínimo conhecimento de tudo o que envolve o mecanismo da mediunidade, assim como em muitos outros aspectos da vida comum, os erros grosseiros e infantis acontecem em profusão. A mediunidade, a partir de uma prática sem base teórica, tende a ser conduzida como um brinquedo nas mãos de infantes.
A mediunidade não é superstição. Partindo da premissa de que deve ser exercitado numa perfeita união entre a Fé e a Sabedoria, o dom mediúnico transforma-se em valioso instrumento de propagação das verdades espirituais. De outra forma, a mediunidade equivocada é conduzida do mesmo jeito como o adivinho faz com as entranhas de um animal. Não há verdades. Tudo é subjetivo e enganoso. Falta ciência e sabedoria.
A mediunidade supersticiosa transforma os Guias Espirituais em oráculos domésticos, onde os mais ínfimos problemas de ordem inferior são levados em conta. Assim, o Preto Velho passa a ser o informante da traição de um marido ou do futuro econômico de um filho carnal. O Caboclo, por sua vez, transforma-se em ajudante fiel dos negócios ou aquele que vai vencer um inimigo de desafeto. Na mesma proporção, o Exu abandona a condição de Guardião e assume o papel de vingador ferrenho, ou um escravo à disposição do médium. A Pomba Gira, sob a mesma ótica, é tida como uma prostituta arrependida e por isso mesmo obrigada a arranjar parceiros para pessoas de moral duvidosa.
A mediunidade não é show pirotécnico onde o que se vê são rápidos e ilusórios lampejos de brilhos multicoloridos. O médium sem instrução transforma o dom em ótimo artifício na exibição de espetaculares manobras que mais chamam a atenção dos curiosos e dos seres trevosos do que dos Espíritos de Luz. Assim, tudo é espantoso e deslumbrante. Todos os gestos do médium em transe são inchados de exageros. Todas as receitas de oferendas são idênticas às listas de um estranho guisado. Os pontos riscados transformam-se numa mandala confusa de desenhos e rabiscos infantis sem fundamento. As brancas vestes sacerdotais assumem a aparência de fantasias carnavalescas em que imperam o luxo, a vaidade e o exibicionismo.
Na mediunidade pirotécnica, vale mais a grosseira presença física do médium do que a suave e discreta participação dos Guias de Luz. O Preto Velho se esconde, o Caboclo se afasta, o Exu ri do fanfarrão e o médium se exibe. Neste tipo de condução da mediunidade há uma completa falta de força espiritual, pois a carne assume todas as funções do medianeiro e o animismo, a mistificação e a charlatanice estão em primeira linha.
Entre tantas formas de se exercitar a mediunidade há também a que leva em conta a ascensão social do médium. É a mediunidade interesseira.
A mediunidade interesseira é aquela em que as reais intenções do indivíduo são quase desconhecidas. Há muitos interesses em jogo, e o principal é o de “subir” na vida. O médium intenciona ser aplaudido, então usa a mediunidade para chamar a atenção da platéia. O médium quer obter dinheiro de forma menos trabalhosa, então comercializa o dom. Se tem interesse em reconhecimento público, então transforma a mediunidade em degrau para a subida aos palanques políticos, aos palcos da mídia e aos púlpitos das câmaras e agremiações. Tal como o médium pirotécnico, o médium interesseiro quer aparecer, mas com o fim certo de obter algum rendimento financeiro.
Nesse tipo de mediunidade, o indivíduo não se envergonha ao “pedir” o pagamento pelo serviço prestado. Seu rosto não enrubesce quando dita o valor daquilo que vergonhosamente chama de caridade. Se precisar usar uma máscara, certamente o fará. Mas, em seu tempo, lançará por terra a fantasia e mostrará sua verdadeira e tenebrosa face. Como o lobo entre os cordeiros.
A mediunidade ignorante é exercida pelos que verdadeiramente têm grande aversão ao estudo e à meditação. Nessa modalidade, o médium conscientemente classifica o estudo contínuo como algo desnecessário. Acredita que somente as instruções dos Caboclos já são suficientes para que ele seja um grande instrumento da Comunidade Espiritual. A leitura, a pesquisa e o conhecimento dos mecanismos mediúnicos são coisas sem importância na visão dos ignorantes.
Neste caso, o médium não se importa em cometer diversos absurdos em nome de Deus, pois não há o conhecimento do que realmente é a vontade divina. Fala, mesmo usando conversações aparentemente profundas, do mesmo jeito como discursa um simples camponês acerca do universo astronômico. Age sempre de forma impensada, ainda que com a maior boa vontade. Suas ações são completamente sem método, critério ou planejamento. Tem uma visão do mundo espiritual como seus antepassados que outrora atribuíam ao relâmpago um castigo dos deuses ou aos abalos sísmicos uma demonstração da ira divina. Na mediunidade ignorante quanto menos se estuda, mais se erra.
Ser instrumento da Espiritualidade Maior é uma benção recebida por muitos. Porém, como qualquer instrumento necessita de um aprimoramento e de ajustes constantes, assim é o médium de Umbanda a serviço dos Caboclos e Pretos Velhos.
Não basta ter mediunidade. Mas, é importante que esta seja útil aos interesses do Criador, pois todo médium é um depositário da confiança de Deus. Para ser útil, a mediunidade tem que estar firmada nas instruções que vêm do Alto.
Bom seria se todos os médiuns aplicassem a sabedoria e o conhecimento no aperfeiçoamento da mediunidade e se o estudo continuado fosse uma prerrogativa para um perfeito ministério mediúnico.

Julio Cezar Gomes Pinto

domingo, 14 de novembro de 2010

Tudo na vida tem seu tempo




"Porque nós somos de ontem, e nada sabemos, porquanto nossos dias sobre a terra, são uma sombra.
JÓ 8:9 "



     O misterio do tempo é algo que perdura desde o inicio, o homem em sua natureza sempre traz consigo as duvidas : será que devo ? seria essa a hora ? Não só em sua vida pessoal como tambem espiritual e financeira; mal sabe ele que nosso senhor é dono de todo tempo e tudo ocorre de acordo com sua vontade .
     Na espiritualidade as coisas ocorrem da mesma forma, pra tudo há seu tempo; a mediunidade aflora na vida de uma pessoa pela vontade do mestre e pela disposição do homem de buscar e aprimorar o mesmo, sempre respeitando o próximo e tendo os principios deichados por nosso mestre Jesus a frente de tudo; que saibamos que "a seara é grande mas os ceifeiros são poucos " ; e não tem como nosso mestre colocar trabalhadores na colheita que não sabem identificar quem é o joio e quem é o trigo no momento certo.
    Que tenhamos a certeza que é preciso dar tempo ao tempo de Deus! Deus é atemporal! Quer dizer: não tem tempo, é o mesmo ontem, hoje e sempre. Mas, interessante: mesmo sendo atemporal se encaixa no tempo e mexe na história. Localiza-se em meu espaço e me lança no tempo…

     Não tenha receio de dar tempo para o tempo de Deus.


Muito Axé e Luz a todos

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quando tudo esta perdido , sempre existe uma luz .




     Há sempre a esperança de um novo amanhã , as vezes quando pensamos que tudo esta perdido , enxergamos a luz em nosso caminho , vemos nas flores da primavera a beleza e ternura de nosso pai Oxalá , que tenhamos a certeza de nunca parar de lutar , pois um dia quando já estivermos sem força para um brado de vitoria , Deus vem ao nosso encontro e nos mostra a verdade ; nos mostra o porque dele ser o principio e o fim , e que ele jamais nos da fardo que não possamos carregar .
     Viva intensamente cada segundo , busque o amor , a felicidade , que nas coisas simples da vida se ache o significado de tudo ; e que a presença de nosso pai te ilumine pra todo sempre .

Muito Axé e Luz a todos

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O poder da oração

  

  A ligação do homem com a força espiritual elevada , onde a fé canaliza a energia de modo que ao termos nosso momento de intimidade com Deus, sintamos a paz de espirito e o alivio da alma se denomina oração; Para muitos orar é algo dificil , pois se vê a necessidade de palavras dificeis , muitas vezes como uma auto afirmação do ego do praticante ; mas tudo isso não passa de um grande engano ;
     A oração move céus , move montanhas ; faz com que o menor entre todos se torne o maior , aquele que no seu momento de intimidade com Deus se achega na simplicidade de um filho diante do pai , na sinceridade, no amor e reconhecimento da grandeza absoluta de nosso pai Oxalá , essa é a oração verdadeira , primeiramente embasada no amor , na certeza de que nós homens , meros pecadores , vivemos e somos abençoados pela misericordia de nosso mestre.
     Que saibamos que nosso senhor esta sempre atento ao nosso chamado , sempre disposto a ouvir nosso clamor e atende-lo , pois ele é pai , e um pai jamais abandona seu filho .

Muito Axé e Luz a todos .

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Diversidade de Rituais x Respeito

  

      A diversidade de rituais umbandistas é algo cada vez mais presente no nosso dia-a-dia espiritualista ; isso surge devido a liberdade doutrinaria que a umbanda oferece aos seus adeptos ; temos casas ligadas ao catolicismo ,  linha de rituais africanos , indigenas e espiritas ; mas nunca deve se afirmar que a casa ligada a tal linha é mais abençoada que a outra  ,  o que temos que conscientizar é que todas são fundamentadas nos principios de nosso pai , que são núcleos que buscam praticar o amor e a caridade acima de tudo e nos levar cada vez mais ao exemplo de nosso mestre Jesus .
     Saibamos que o respeito é uma virtude que temos de levar a todo tempo , e que sempre é mais sábio a oração do que o julgamento ; que nosso mestre em sua infinita grandeza da aos seus filhos em todos os modos religiosos uma chance de busca pelo que mais lhes convém , o que mais lhe agrada e traz paz no coração ;  assim como esta escrito em jo 14:1-3 "  Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar ."
      Que sejamos sempre seguidores do caminho da luz , e que nosso pai em misericordia a nós que somos tão falhos nos derrame bençãos sem medidas .

Muito Axé e Luz  a todos  

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Viagem a Aruanda

Numa noite bem estranha, onde nem a lua se fazia presente, estava pensando porque eu sofria tanto. Quantas pessoas queriam meu mal, e ninguém me ajudava.
Quando adormeci me vi num lugar muito estranho onde havia muitas casas bem simples, num vilarejo,vi bondosos pretos-velhos com marcas cansadas no rosto que se arrumavam, pegam seus cachimbos, um toco de pemba na mão e suas bengalas cheias de contas. Todos aliá tinham uma compaixão no olhar que eu ali admirava.
Andando mais um pouco ali perto vi uma cruz enorme onde o Grande Omulu habitava, sua energia era tão grande que me cegava, ele rodava e faíscas caiam sobre mim, vi se aproximarem dele vários Exus de cabeça, esses vinham com suas espadas prontas para agir.
Sai daquele local com uma sensação muito boa e ao mesmo tempo com receio do que ali presenciara. 
A poucos metros dali vi uma senhora bem idosa com vestes roxas numa lagoa era Nana Buruque, que também chamava outras senhoras parecidas como aquelas que eu vi naquele vilarejo.
Andando mais a frente vi um grande castelo, guardado por vários soldados de várias épocas e nações todos se arrumavam com espadas, lanças e escudos, junto a eles boiadeiros também ali estavam a mando do dono daquele castelo. No alto da muralha avistei um trono onde um nobre cavaleiro se postava, Senhor Ogum era o cavaleiro mais belo que já vi, sua bondade e força tomavam conta do ambiente.
Continuando esta viagem embrenhei-me numa mata muita densa nela viviam milhares de caboclos que ao ouvirem um longo silvo correram para atender. No alto da copa de uma árvore vi um grande Cacique com um capacete dourado nas mãos, ajoelhei-me ao notar que era Oxossí este sem dizer uma só palavra apenas em pensamento ordenava que todos seus subordinados se preparassem, se apossassem de suas flechas e bodoques. Sai daquele lugar assustado, pois me intrigava o que estava acontecendo.
Antes de sair da mata avistei uma frondosa cachoeira onde a água era a mais límpida e brilhante que alguém pudesse ver. Mamãe Oxum estava com um grande manto e conversando com legiões de caboclas que habitavam aquele local. Enquanto suas aliadas se preparavam pegando suas flechas aquela dona, que a mim parecia à mulher mais linda do mundo cantava e de seu canto irradiava amor.
A cima da cachoeira eu vi uma enorme pedreira onde os raios tocavam o chão, muito curioso aproximei-me e vi num trono de pedra Xangô em meio a livros conversava com grandes caciques junto com Iansã que preparava seus raios direcionando-os aquele que o grande Xangô falava que era seu destino.
Descendo aquela montanha deparei-me com espíritos armados com tridentes eram os exus que estavam ali a mando do senhor da justiça.
Estava alegre de conhecer os Orixás e ao mesmo tempo com medo, pois pensava que guerra era aquela que viria, pois todos pareciam se preparar para uma batalha.
Mais a frente, comecei a ouvir algumas risadas, fui andando ao encontro delas e notei vários homens vestidos de branco com colares azuis, estes pegavam suas adagas e corriam de encontro ao mar. O mar era azul e as ondas brancas refletiam a luz do astro rei. Num coral vi uma senhora que irradiava luz quase não conseguia fita-la, mas notei que era Nossa mãe Iemanjá, que com um lindo sorriso conversava com seus imediatos. Ao redor deles brincavam inúmeras crianças que vinham junto com Cosme e Damião essas vinham trazendo a inocência e o amor nas mãos.
Fiquei um bom tempo ali admirando a beleza da Aruanda, o mar, a mata, a cachoeira, as pedreiras, o castelo, o vilarejo, o cruzeiro e a lagoa enfim a natureza. Sentia uma paz enorme quando meus pensamentos foram interrompidos por um espírito de vestes amarelas com um sotaque oriental.
Gostou filho do que viu? Perguntou-me o espírito.
Respondi que nunca tinha pensado quanto era belo os Orixás e perguntei onde estaria o Rei de todos eles, nosso pai Oxalá. Este me respondeu:
-Ai! E apontou para o meu coração-A morada de Deus é no coração dos homens, ali habita Oxalá.
Comecei a chorar quão a profundidade do que aquele espírito me contara. Então perguntei que batalha era aquela que todos se preparavam. E o Espírito disse-me:
- Filho meu as entidades não se preparam para batalha nenhuma, todos se preparam para o raiar do dia na terra, pois todo dia vocês humanos tem uma batalha pela frente. E nós estamos aqui para ajudar e proteger vocês dos perigos da vida. Entenda filho você nunca está sozinho, mesmo não nos vendo saiba que andamos ao lado de todos vocês.
Acordei assustado, pois me impressionara o que vi , fui olhar o céu e vi que mesmo não vendo a lua, ela estava presente me iluminando.

-Autor Léo Del Pezzo

O inicio .


Olá , sejam bem vindos ao Luz De Aruanda ;  esse blog surgiu da necessidade de um espaço para que divulgasse as experiencias com nossos irmãos do plano espiritual , bem como a nossa tão amada Umbanda ; aqui vocês encontrarão estudos , historias e opiniões que virão tanto da inspiração de nossos irmãos de luz quanto do proprio autor do blog .

Sintam-se a vontade .