segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Viagem a Aruanda

Numa noite bem estranha, onde nem a lua se fazia presente, estava pensando porque eu sofria tanto. Quantas pessoas queriam meu mal, e ninguém me ajudava.
Quando adormeci me vi num lugar muito estranho onde havia muitas casas bem simples, num vilarejo,vi bondosos pretos-velhos com marcas cansadas no rosto que se arrumavam, pegam seus cachimbos, um toco de pemba na mão e suas bengalas cheias de contas. Todos aliá tinham uma compaixão no olhar que eu ali admirava.
Andando mais um pouco ali perto vi uma cruz enorme onde o Grande Omulu habitava, sua energia era tão grande que me cegava, ele rodava e faíscas caiam sobre mim, vi se aproximarem dele vários Exus de cabeça, esses vinham com suas espadas prontas para agir.
Sai daquele local com uma sensação muito boa e ao mesmo tempo com receio do que ali presenciara. 
A poucos metros dali vi uma senhora bem idosa com vestes roxas numa lagoa era Nana Buruque, que também chamava outras senhoras parecidas como aquelas que eu vi naquele vilarejo.
Andando mais a frente vi um grande castelo, guardado por vários soldados de várias épocas e nações todos se arrumavam com espadas, lanças e escudos, junto a eles boiadeiros também ali estavam a mando do dono daquele castelo. No alto da muralha avistei um trono onde um nobre cavaleiro se postava, Senhor Ogum era o cavaleiro mais belo que já vi, sua bondade e força tomavam conta do ambiente.
Continuando esta viagem embrenhei-me numa mata muita densa nela viviam milhares de caboclos que ao ouvirem um longo silvo correram para atender. No alto da copa de uma árvore vi um grande Cacique com um capacete dourado nas mãos, ajoelhei-me ao notar que era Oxossí este sem dizer uma só palavra apenas em pensamento ordenava que todos seus subordinados se preparassem, se apossassem de suas flechas e bodoques. Sai daquele lugar assustado, pois me intrigava o que estava acontecendo.
Antes de sair da mata avistei uma frondosa cachoeira onde a água era a mais límpida e brilhante que alguém pudesse ver. Mamãe Oxum estava com um grande manto e conversando com legiões de caboclas que habitavam aquele local. Enquanto suas aliadas se preparavam pegando suas flechas aquela dona, que a mim parecia à mulher mais linda do mundo cantava e de seu canto irradiava amor.
A cima da cachoeira eu vi uma enorme pedreira onde os raios tocavam o chão, muito curioso aproximei-me e vi num trono de pedra Xangô em meio a livros conversava com grandes caciques junto com Iansã que preparava seus raios direcionando-os aquele que o grande Xangô falava que era seu destino.
Descendo aquela montanha deparei-me com espíritos armados com tridentes eram os exus que estavam ali a mando do senhor da justiça.
Estava alegre de conhecer os Orixás e ao mesmo tempo com medo, pois pensava que guerra era aquela que viria, pois todos pareciam se preparar para uma batalha.
Mais a frente, comecei a ouvir algumas risadas, fui andando ao encontro delas e notei vários homens vestidos de branco com colares azuis, estes pegavam suas adagas e corriam de encontro ao mar. O mar era azul e as ondas brancas refletiam a luz do astro rei. Num coral vi uma senhora que irradiava luz quase não conseguia fita-la, mas notei que era Nossa mãe Iemanjá, que com um lindo sorriso conversava com seus imediatos. Ao redor deles brincavam inúmeras crianças que vinham junto com Cosme e Damião essas vinham trazendo a inocência e o amor nas mãos.
Fiquei um bom tempo ali admirando a beleza da Aruanda, o mar, a mata, a cachoeira, as pedreiras, o castelo, o vilarejo, o cruzeiro e a lagoa enfim a natureza. Sentia uma paz enorme quando meus pensamentos foram interrompidos por um espírito de vestes amarelas com um sotaque oriental.
Gostou filho do que viu? Perguntou-me o espírito.
Respondi que nunca tinha pensado quanto era belo os Orixás e perguntei onde estaria o Rei de todos eles, nosso pai Oxalá. Este me respondeu:
-Ai! E apontou para o meu coração-A morada de Deus é no coração dos homens, ali habita Oxalá.
Comecei a chorar quão a profundidade do que aquele espírito me contara. Então perguntei que batalha era aquela que todos se preparavam. E o Espírito disse-me:
- Filho meu as entidades não se preparam para batalha nenhuma, todos se preparam para o raiar do dia na terra, pois todo dia vocês humanos tem uma batalha pela frente. E nós estamos aqui para ajudar e proteger vocês dos perigos da vida. Entenda filho você nunca está sozinho, mesmo não nos vendo saiba que andamos ao lado de todos vocês.
Acordei assustado, pois me impressionara o que vi , fui olhar o céu e vi que mesmo não vendo a lua, ela estava presente me iluminando.

-Autor Léo Del Pezzo

Um comentário:

  1. Olá amigo Celestino!
    Foi um prazer conhece-lo pela RBU!
    Esse texto é simplesmente lindo! Parabéns pela escolha e pela iniciativa do blog!
    fique a vontade com os textos do meu blog, eles são de todos nós!
    Grande abraço,
    Annapon - Coisas da Alma -

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